Depois da medalha de ouro no Campeonato da Europa, em Tartu, a equipa treinou em altitude para preparar o resto da época de 2018
Dia 21 de julho Inês Rico, do Alhandra Sporting Club, Tiago Fonseca, do Outsystems Olímpico de Oeiras, Gabriela Ribeiro, também do Alhandra Sporting Club e Ricardo Batista, do Clube de Natação de Torres Novas, sagraram-se Campeões da Europa em estafetas mistas, em Tartu, na Estónia: agora estão a estagiar em altitude para preparar as provas internacionais do resto da temporada.
Ricardo Batista foi quarto nas provas individuais e Tiago Fonseca classificou-se na 14.º posição na prova masculina. Gabriela Ribeiro obteve o 29º lugar e Inês Rico ficou em 47.ª devido a uma queda no ciclismo. Será que os resultados menos bons na prova individual tornou os atletas mais fortes em equipa, tendo conseguido motivá-los para alcançar o brilhante resultado? Nas palavras de Inês Rico, também triatleta do Alhandra Sporting Club, esta competição em equipa ficou marcada pela vontade da triatleta se vingar da queda de ciclismo na prova individual. «Fiz uma boa partida, com algum azar na posição em que ficámos colocadas, onde se fazia sentir mais a corrente. As transições foram muito rápidas, um ciclismo forte a alcançar o grupo principal. Entrei na corrida em segundo e ataquei cheia de força, conseguindo passar o testemunho em primeiro lugar».
«Foi uma prova bastante bem conseguida por parte de todos nós. Alinhámos à partida sabendo que iríamos ter adversários bastante competitivos, mas eu estava confiante devido às boas sensações sentidas dois dias antes com o 4º lugar na prova individual», conta-nos Ricardo Batista. «Com uma natação bem conseguida e um ciclismo onde tive de trabalhar bastante acabei por não me sentir a 100% no último segmento. Mesmo assim, graças à grande prestação dos meus colegas de equipa conseguimos alcançar o primeiro lugar. Fico bastante feliz com o resultado, deixo aqui os parabéns aos meus colegas de equipa.»
O terceiro elemento em prova, Gabriela Ribeiro, fez uma boa prestação na natação conseguindo integrar o grupo da frente com mais duas atletas. «Começamos logo muito bem, com a Inês Rico a sair no primeiro grupo da natação, fazendo um bom ciclismo e uma excelente corrida e a passar o testemunho ao Ricardo em primeiro lugar, este com uma boa natação conseguiu integrar o grupo da frente com mais dois atletas, passando-me o testemunho em quarto lugar. Iniciei a prova em quarto lugar, fiz uma excelente natação para sair em segundo e pedalar sempre com a mesma triatleta, chegando com ela ao parque de transição. Na corrida senti-me forte e passei o testemunho ao Tiago em primeiro lugar, o último elemento da estafeta, que conseguiu manter a posição com uma excelente prova.»
Gabriela teve alguma dificuldade em acreditar no título de Campeões da Europa, apesar de estar confiante desde o início que podiam disputar os lugares cimeiros. O último elemento em prova foi Tiago Fonseca que partilha a opinião dos seus colegas que correu tudo muito bem. Mas embora os lugares da frente estivessem no horizonte, o atleta do Outsystems Olímpico de Oeiras nunca pensou que atingissem a medalha de ouro: «Ficar em primeiro foi algo que não estávamos à espera com seleções tão fortes em prova e sabe sempre melhor ganhar!»
Este excelente resultado não surge do nada, os triatletas portugueses contam já com alguma experiência em competições deste nível, e Portugal possui uma equipa mista equilibrada, com profundidade no setor feminino e masculino, garantindo assim homogeneidade.
«Apesar de não ter havido medalhas na prova individual, sabia que era possível discutir a prova, desde que o 4º elemento recebesse o testemunho integrado no grupo da frente», afirmou Rodolfo Lourenço, treinador de Tiago Lourenço e técnico do Outsystems Olímpico de Oeiras. E continua realçando as características dos jovens triatletas: «Os atletas que participaram na estafeta mista no Campeonato Europeu de Tartu, na Estónia, já mostraram por diversas ocasiões ter valor para competir com os melhores juniores europeus.»
Paulo Antunes, o técnico presente no Campeonato da Europa em Tartu, partilhou connosco a estratégia de equipa tendo em linha de conta as características individuais dos atletas: «A Inês fez o primeiro percurso com o objetivo que na prova se juntasse no segmento de ciclismo e que conseguisse fazer a diferença na corrida, para transmitir o testemunho o mais à frente possível. O Ricardo foi o segundo elemento a entrar em prova, de forma a conseguir manter a equipa nos lugares de decisão. A Gabriela foi a aposta para o terceiro percurso, pois era espectável que, estando ela nos lugares da frente, iria possivelmente iria o testemunho numa boa posição. O Tiago foi a opção para último porque é um atleta que se defende muito bem, e caso chegasse na frente da corrida com outros atletas, iria ser muito difícil batê-lo.»
As provas por estafetas são um formato recente, onde os pormenores podem fazer a diferença. «São provas muito rápidas, os atletas têm de estar muito concentrados para não errar. Um erro como a perda de contacto do grupo da frente pode impedir a disputa dos primeiros lugares. Têm também que estar atentos, de forma a não receberem uma penalização de tempo», explica Paulo Antunes.
Rodolfo Lourenço e Paulo Antunes são unânimes em afirmar os pontos positivos destas provas: a presença de um forte espírito de grupo, onde por vezes o fator equipa leva à superação do triatleta como individual.
Resultados prova individual juniores femininos
Resultados prova individual juniores
Resultados prova estafeta mista
Como é uma prova por estafetas mistas?
O triatlo é uma modalidade individual que recentemente criou uma versão por estafetas, que irá integrar o programa olímpico em Tóquio 2020. É por isso compreensível que «ser campeão europeu de estafetas mistas seja um título que atualmente qualquer triatleta gostaria de ter». Rodolfo Lourenço fala-nos do enorme impacto que um resultado deste género pode gerar, ajudando estes atletas a criar uma identidade de nível internacional, fundamental para continuarem a acreditar na possibilidade de uma carreira desportiva internacional no triatlo. Paulo Antunes partilha de uma opinião semelhante, afirmado que ‘este resultado pode ser encarado como um pequeno trampolim para estes atletas e para todos os jovens de formação em Portugal. Temos jovens de enorme valor e hoje em dia trabalha-se muito e bem na formação’. O treinador deixa a ressalva também: «Não nos podemos esquecer que são provas coletivas, onde o resultado final em termos motivacionais não ganha as mesmas proporções que um bom resultado na prova individual.»
Quanto ao balanço da época, os dois treinadores afirmam que ainda falta um campeonato da europa e um a nível mundial, provas demasiado importantes para se fazer um balanço sem saber os seus resultados.
Na prova de elite do Campeonato da Europa em Tartu foi Miguel Arraiolos que obteve o melhor resultado nacional, com um 7º lugar, com a marca de 00:53:31, Rafael Domingos ficou em 31º com 00:54:48, Pedro Afonso conseguiu ficar na 32ª posição, com 00:54:58, André Dias em 36º com o tempo de 00:55:25. David Luís não concluiu a prova.
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Na elite feminina Andreia Ferrum ficou em 24º com 01:01:26, Madalena Almeida em 32º com 01:02:03 e Helena Carvalho alcançou a 37ª posição com 01:02:41 .
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O treino em altitude…
Os quatro triatletas campeões da europa encontram-se em altitude para preparar as restantes provas da época como o Campeonato do Mundo, local onde estão inseridos num grupo de trabalho de excelência, havendo a vantagem do foco no treino a que se juntam os outros benefícios do treino em altitude.
Inês Rico vê no estágio objetivos muito concretos de preparar o Campeonato da Europa de Juventude já no dia 2 de setembro, o Campeonato Mundial também em setembro os Jogos Olímpicos da Juventude em outubro. «Até agora tem corrido muito bem! Como sou a mais nova e tenho que treinar com os mais velhos, os ritmos são diferentes. Mas felizmente, tenho me aguentado muito bem e evoluído!» diz Inês satisfeita com os resultados. Para Ricardo Batista, as sensações do treino com os colegas são boas e estando o estágio a correr muito bem ‘aponta para um bom desfecho do Campeonato do Mundo’. Ricardo salienta o bom ambiente, como em todas as provas/estágios da seleção. Tiago partilhou connosco que que está a ‘gostar muito do nosso treino e da companhia de todos! «É algo diferente, mas à espera de bons sentimentos.» Gabriela Ribeiro, tal como os seus colegas de equipa, ‘sente que está evoluir muito em todos os segmentos e a trabalhar os pontos mais fracos’. A triatleta espera que todo este trabalho se reflita na sua prestação na sua próxima competição, no Campeonato do Mundo na Austrália, em setembro.
Este é um desejo que todos partilhamos para todos os triatletas juniores que tanto se empenham na conquista de melhores resultados na modalidade.