Conheça melhor o árbitro de triatlo selecionado para os Jogos Olímpicos a decorrer em Tóquio 2020. Mário Carvalho foi o primeiro árbitro nacional a ser selecionado para estar presente nas provas dos Jogos Olímpicos de Triatlo que irão decorrer nos dias 27 e 28 de julho e 1 de agosto de 2020 (ver aqui horário), no formato individual e estafeta.
Desportista desde que se conhece, entrou para o mundo do Triatlo quando a sua monitora de natação Paula Figueiredo, na altura vice-presidente do antigo conselho de arbitragem de triatlo, o inscreveu numa formação de árbitros de triatlo. Já se passaram 15 anos.
Quais são as funções de um árbitro de triatlo?
As funções dos árbitros vão muito além do controlo técnico durante a prova. Começa com a pré-preparação, onde são revistos regulamentos, as tarefas e a preparação do material a usar em cada setor. Posteriormente, e durante a prova, os árbitros cumprem diferentes tarefas em cada segmento, assegurando que o atleta cumpre na totalidade as voltas e a extensão do percurso, estabelecido pela organização e respeitando o regulamento técnico, com a máxima segurança, penalizando os atletas que infringem o mesmo. No final da prova, cada equipa reúne o equipamento e reporta ao Árbitro Chefe de Equipa todas as intervenções técnicas ocorridas durante a prova.
Qual é a relevância do árbitro dentro de uma prova?
A ação do árbitro de triatlo não é diferente das outras modalidades: consiste em garantir que todos os atletas cumpram o regulamento técnico criado pelas instituições desportivas, no intuito de garantir a segurança, a igualdade e a verdade desportiva.
Quais são as dificuldades inerentes a esta profissão?
As dificuldades são maiores ou menores consoante as características de cada prova. Todas as provas têm competências importantes como a coordenação, a responsabilidade, a assertividade, a decisão, o bom estado físico, etc. Uma prova média-longa, além das competências mencionadas, exige ainda um grande nível de sacrifício, consequência das longas horas de prova em pé e das más condições climatéricas. Existem outras dificuldades comuns entre modalidades, mas qualquer uma delas é ultrapassada pelo gosto e entrega.
Porque é que foste escolhido para seres árbitro oficial dos Jogos Olímpicos?
Está relacionado com o percurso natural de um árbitro de triatlo. Creio que se passa o mesmo nas outras modalidades, talvez com moldes diferentes, mas será o objetivo mais apetecível de um árbitro poder participar em grandes ‘palcos’ desportivos como os jogos olímpicos.
No meu caso os anos de experiência na modalidade foram valências preponderantes no meu percurso internacional. A integração nos seminários internacionais de nível I e nível II, bem como a participação em provas internacionais, reforçaram a credibilidade no meu trabalho enquanto Technical Official, correspondendo aos requisitos impostos pelos planos formativos da ITU/ETU, onde a evolução é constante. Mas o processo ainda não está concluído, falta ainda mais um nível, o terceiro, que abre a porta à participação em provas de maior exigência como é caso das WTS, entre outras.
Esperavas estar presente nestes JO?
Não, de todo! Mas foi para mim uma agradável surpresa, remetendo-a para o ponto alto de qualquer árbitro. A ITU/ETU enviou para os órgãos competentes das federações uma lista de TOs elegíveis para os Jogos Olímpicos e as mesmas têm de propor os TOs que apresentam as melhores condições para os Jogos, reservando a seleção final para a ITU/ETU. De Portugal, dos seis árbitros elegíveis para participar nos jogos, fui o único selecionado; mas se pensarmos em todas as federações espalhadas pelo mundo com árbitros igualmente aptos, é realmente uma distinção para a arbitragem portuguesa de triatlo.
Quais são as tuas expetativas para esta experiência?
O caminho de um árbitro, seja nacional ou internacional, é longo e obedece a várias categorias que são o somar de experiência e conhecimento, e o meu objetivo é chegar ao patamar mais alto. Os Jogos Olímpicos são uma etapa sem comparação, onde a experiência adquirida é fundamental na obtenção do topo enquanto Technical Official. Não sou pessoa de expectativas, mas sim de viver o momento e procurar aprender com os melhores. Creio que não há melhor evento do que este, com uma equipa de TOs fantástica, onde impera o conhecimento e a experiência. Não poderia pedir mais e vou absorver o máximo possível. Além das valências que já mencionei, há outra parte igualmente importante: a ligação humana entre todos os profissionais presentes onde se partilham várias formas pensar, de comunicar, de trabalhar, sem esquecer os bons amigos que fazemos, companheiros de outros eventos internacionais.
As provas de triatlo dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 irão realizar-se nos dias 25 e 26 de julho às 22h30, hora portuguesa.
Assista no canal nacional da RTP.