Todos os quatro atletas da Selecção Nacional que integra o projecto olímpico para o Rio de Janeiro 2016 partiram hoje para a África do Sul para participar na prova da World Triathlon Series de Cape Town. Uma prova na distância “sprint” (750 m natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida) e em que os portugueses têm muito em jogo.
Para João Pereira e João Silva, matematicamente apurados para os Jogos do Rio, o objectivo pode passar por um lugar no top 5 ou até nas medalhas. Nenhum assume claramente a pretensão do pódio mas ambos têm argumentos para lá chegar. Algo que para João Silva já ficou claramente demonstrado com o bronze em Abu Dhabi, a primeira etapa da WTS, no início de Março.
João Pereira está optimista para esta prova e não o esconde:
“É uma etapa em distância ‘sprint’, com um percurso muito plano e rápido, o que me agrada muito. De resto, tenho-me sentido muito bem nos treinos e penso que tenho boas condições para alcançar um bom resultado.”
João Silva, por seu turno, não se mostrou tão frontal quanto o companheiro de Selecção:
“O meu objectivo é fazer uma boa prova. Estou bem, física e psicologicamente, as coisas têm-me corrido bem. Esta é mais uma prova, bem diferente daquela que teremos pela frente em Agosto, nos Jogos. Sinceramente, não sinto qualquer pressão para ter um resultado semelhante ao que tive em Abu Dhabi. Nunca sinto pressão, faço triatlo porque gosto.”
Para Miguel Arraiolos e Melanie Santos, a agenda é diferente. Melanie tem estado numa subida de forma e de resultados avassaladores, tendo mesmo conquistado o 11º lugar no WTS da Gold Coast, há duas semanas, o que lhe dá francas esperanças numa qualificação olímpica; Miguel Arraiolos tem tido dificuldades em segurar o “ranking” que, à partida para esta temporada, o colocava no triatlo olímpico do Rio mas quer recuperar posições e esquecer o mau momento.
Fundamentalmente, os objectivos de Miguel e Melanie passam por somar pontos para poder ajudar o triatlo português a lograr um feito único na sua História: ter quatro atletas numa edição dos Jogos Olímpicos.
Lino Barruncho, o treinador de João Pereira, Melanie Santos e Miguel Arraiolos analisa a situação:
“O Miguel terá de enfrentar três provas de fogo, que são as provas em que vai participar até ao fim do período de qualificação [encerra a 15 de Maio]. Para esta prova, tem de pensar, idealmente, num top 15.”
Quanto a Melanie Santos, o técnico da Federação de Triatlo de Portugal não esconde as expectativas:
“A Melanie tem vindo a crescer de prova para prova e a exigência aumenta. Basta dizer que ela vai partir neste WTS com o dorsal número 7. Isso significa que é a sétima atleta mais cotada para esta prova. O objectivo em Cape Town é um lugar no ‘top 15’, o que no início da temporada era impensável.”
Opiniões que vão de encontro às dos próprios atletas, que terão agora três provas para selarem a qualificação olímpica: as Taça do Mundo de Cagliari (Itália) e Huatulco (México) e, finalmente, a WTS de Yokohama (Japão).
Miguel Arraiolos, que foi 20º classificado em Cape Town em 2015, tem noção exacta do que precisa fazer na prova sul-africana:
“O ano passado fui 20º nesta prova, este ano quero fazer igual ou melhor. Vou apostar tudo nesta prova e nas outras duas Taças do Mundo para não ter de depender de um bom resultado no Japão, o que seria muito mais complicado.”
Melanie, confrontada com as expectativas do seu treinador, não as recusa, mas prefere manter o discurso tranquilo e cauteloso que a tem caracterizado nesta campanha:
“Obviamente gostaria de conseguir um lugar no ‘top 15’, seria fantástico, mas o meu estado de espírito para estas provas é o mesmo até ao fim do período de qualificação: fazer o meu melhor e tentar não me preocupar com contas. Felizmente, quase não vamos parar até 15 de Maio, pelo que não vou ter muito tempo para pensar, o que acaba por ser positivo.”