Os triatletas permanecem mais em casa, sendo aconselhável que continuem a treinar com a nutrição adequada.Não é aconselhado que os atletas treinem na rua, pista, ou piscina, situação que obriga a uma adaptação do treino a essa realidade e consequentemente algumas mudanças. Existem várias soluções, como recorrer a aplicações de treino indoor. Estas aplicações ajudam o atleta a realizar treinos de bicicleta ou corrida indoor ao simular percursos individuais ou em grupo. Mesmo quando for possível voltar aos treinos de rua, muitos serão os triatletas que irão continuar a utilizar estas aplicações, quer seja por causa do tempo que têm disponível, quer seja pelas condições atmosféricas desfavoráveis para treinar outdoor.
Mas será que a nutrição continua a ser importante durante a prática de treinos em casa? Haverá alguma diferença? A resposta é sempre: depende. Depende do objetivo: muitos atletas recorrem ao treino em rolos ou passadeira para se manterem ativos e em forma não tendo como objetivo a melhoria da sua performance; nestes casos a nutrição terá uma menor importância desde que sejam supridas a necessidades nutricionais diárias. Se o objetivo do atleta é desafiar-se, melhorar a sua performance, criar novos objetivos que o façam evoluir, a nutrição será essencial no processo. Depende da duração do exercício: se o período de treino for inferior a 45 minutos-1 hora não será essencial nutrir durante o treino, se o treino tiver uma duração superior, por exemplo a duas horas ou mais, nutrir ao longo desse período ajudará o atleta a manter uma maior intensidade. Quanto às caraterísticas dos produtos a ingerir, os hidratos de carbono (responsáveis pela manutenção da intensidade do exercício) no estado líquido/gel apresentam uma digestibilidade superior que os produtos sólidos por terem uma digestão mais lenta. É essencial que estes produtos sejam constituídos maioritariamente por hidratos de carbono, produtos ricos em fibra, gordura e proteína devem ser evitados durante o exercício.
Ao contrário do que ocorre em treino ao ar-livre, em casa o atleta não contacta com vento, chuva, ou outros fatores ambientais que ajudam a arrefecer o corpo ao longo da atividade. O aumento da perda de água corporal através do suor e o aumento exponencial da temperatura corporal, que ocorrerá de forma muito mais rápida, podem levar a desidratação, desconforto e diminuição do rendimento do atleta durante o treino. As necessidades hídricas serão mais elevadas. Uma forma de controlar e adequar o consumo hídrico será analisar a cor da urina antes e depois do treino (deve ser clara/aproximadamente translúcida) e realizar uma pesagem antes e imediatamente depois do treino de forma a quantificar o peso perdido em água durante a atividade. Se a diferença de peso for menor que 2-3 %, a ingestão hídrica foi adequada, se a percentagem for superior o atleta deve aumentar a sua ingestão hídrica.
A utilização de aplicações como Zwift ou outras disponíveis no mercado funcionam como instrumentos de apoio à nutrição do atleta: a pesagem antes e depois do treino irá medir a taxa de sudação do atleta (taxa extremamente individualizada) o que permite elaborar um plano de hidratação personalizado; permite treinar a ingestão em prova face a esforços de duração semelhantes; consequentemente permite Gut-training, essencial para criar adaptações gastrointestinais à ingestão de alimentos durante a prova, criando uma vantagem metabólica e energética; e permite ao atleta treinar em temperaturas mais elevadas por falta de cooling comum em outdoor.
De uma forma geral, dentro ou fora de casa, não existem muitas diferenças nutricionais durante o exercício desde que a duração e intensidade sejam semelhantes em ambos os cenários.
Por Joana Romão, Nutricionista