Sines recebeu o Campeonato Nacional Individual na distância standard, incluindo elites e grupos de idade.
Realizou-se no dia 22 de setembro em Sines o Campeonato Nacional Individual de Triatlo na distância standard que incluiu o escalão de elite. Decorreu também o Campeonato Nacional de Grupos de Idade.
Num dia de muito calor, o triatlo teve como núcleo principal a Avenida da praia Vasco da Gama, de onde foi dado o tiro de partida para um percurso de 1,5km a nadar, 40km de ciclismo e 10km de corrida.
Melanie Santos, do Sport Lisboa e Benfica, e João Mansos, do Sporting Clube de Portugal, sagraram-se Campeões Nacionais Individuais de Triatlo. Melanie, sem surpresas e revalidando o título do ano anterior, conseguiu gerir a prova e venceu com facilidade com 02:09:07. A revelação foi de João Mansos cuja boa condição física e prova inteligente resultaram na vitória, com a marca de 01:55:16.
Para Melanie «a natação correu bem, conseguimos formar um grupo pequeno que rapidamente se destacou.» No segmento de ciclismo as triatletas quiseram poupar-se, pelo que controlaram o ritmo, acabando por fazer o ciclismo algo lento. «Na corrida fiquei sozinha logo de início e depois foi só gerir o resto da prova».
João Mansos foi o primeiro a cortar a meta, conquistando o título de Campeão Nacional Individual: «Nem nos meus melhores sonhos era capaz de prever que iria ter um resultado deste género. Este ano optei por controlar a natação, que é o meu tendão de Aquiles.» No ciclismo João tentou ir na frente, mas houve dois fugitivos, pelo que tentou controlar o ritmo no grupo perseguidor. Caso apanhassem o grupo da frente, a discussão do título estaria lá. «Tive momentos que pensei que iria ficar para trás no ciclismo, o que felizmente não aconteceu. Ao entrar para a transição coloquei-me bem, mas ainda sofri uma queda por causa do toque de uma roda, pelo que saí atrasado». Na corrida o triatleta do Sporting deu tudo, conseguiu ver os quatro triatletas da frente logo na primeira, e acabou mesmo por apanhá-los. «Ataquei a certa altura, mas nunca pensei que o Ricardo Batista e o Tiago Fonseca ficassem para trás. O Danilo Pimentel veio comigo, mas na terceira volta comecei a acreditar que podia mesmo ser Campeão. Apercebi-me da vantagem de 20’’, agradeço ao Sporting este título!»
Madalena Almeida, do Alhandra Sporting e Ricardo Batista, do Clube de Natação de Torres Novas, foram vice-campeões nacionais da modalidade, com os tempos de 02:09:37 e 01:55:44, respetivamente.
A vice-campeã nacional conta-nos que ‘se sentiu muito bem durante toda a prova’. «Estive no grupo da frente desde o início e decidiu-se tudo na corrida. Foi o meu terceiro triatlo na distância olímpica, ainda estou a encontrar o meu ritmo de corrida; decidi começar mais controlada e acelerar nos 5km finais.» A triatleta do ASC ia com ambição de ganhar o título, mesmo sabendo da dificuldade acrescida de ganhar à Campeã Nacional Melanie Santos. «Estou satisfeita com o segundo lugar», afirma Madalena.
Já Ricardo Batista, o primeiro triatleta júnior a passar a meta, elogiou a organização por parte da FTP. «Foi o meu primeiro triatlo olímpico, por isso não tinha definido nenhum objetivo específico. Estou apenas há cinco dias em Portugal e ainda não totalmente adaptado ao fuso horário.» Ricardo partiu confiante na natação e chegou a sair da água no primeiro lugar, com mais dois triatletas. «Cheguei a ter uma vantagem de 1’ em relação ao grupo perseguidor, comecei o ciclismo só com o Miguel Tiago Silva e trabalhamos durante 30km até perdermos grande parte da vantagem e esperarmos pelo grupo». O atleta do Clube de Natação de Torres Novas acusou cansaço por causa da fuga de 30km, mas conseguiu, ainda assim, um ótimo segundo lugar a nível nacional. «Para o ano há mais e melhor!» declarou Ricardo.
A terceira posição foi para Helena Paula Carvalho, do Sporting Clube de Portugal, com 02:13:31 e Danilo Pimentel, do Rio Maior Triatlo, com 01:56:16.
Os treinadores dos Campeões Nacionais
Lino Barruncho, treinador, partilha connosco os objetivos para Melanie Santos: «Em relação ao Campeonato Nacional, o objetivo era ganhar com o menor esforço possível, porque a época ainda não terminou, apesar de já não haver provas para a qualificação olímpica; tínhamos em mente a vitória com o mínimo de desgaste para outras competições, o que acabou por acontecer, já que a prova foi gerida da melhor maneira. As competições que se seguem estão mais relacionadas com compromissos anteriores, como foi o caso da Corrida do Tejo, por exemplo.
O objetivo para a última etapa do Campeonato do Mundo, em Gold Coast que era ser top 15 ou 10, foi largamente superado com o 6º lugar, o resultou em muitos pontos de vantagem e, também, com margem para gerir o próximo período de qualificação. «Os próximos objetivos internacionais são, além da Corrida do Tejo, estar na Super League e no Campeonato da Europa sub-23, onde Melanie vai lutar pelo primeiro lugar, já que obteve a medalha de bronze e de prata. Como é o último ano da Melanie como sub-23 vamos ver se conseguimos alcançar o objetivo!»
André Campos, treinador de João Mansos, deixa-nos o seu testemunho. «Não estava à espera que ele ganhasse a prova, mas tinha-lhe dito que ‘menos que pódio não iria interessar’, em tom de motivação. De facto, para o treinador João Mansos superou todas as expetativas, mas a sua determinação e empenho fizeram com que merecesse este resultado. «A competição foi inteligente a juntar a uma boa condição física, com uma atitude positiva de assumir a prova». O triatleta, que estava noutro clube, mudou este ano para o Sporting e conseguiu pela primeira vez ‘mostrar resultados de acordo com as suas capacidades’. «Não conseguiu a qualificação para Quarteira porque teve um problema físico que durou dois meses. Depois apostámos no estágio em altitude onde esteve com uma postura excecional, foi também à Taça em Valência, onde acabou por ter um bom resultado, que acresce ao título nacional merecido».
O Campeonato Nacional Age Groups
A prova de grupos de idade foi também muito disputada com os melhores triatletas AG a marcarem presença, num percurso muito competitivo. Um trajeto bonito, marcado por um algum vento a dificultar o segmento do ciclismo.
Escolhemos dois Campeões Nacionais de Grupos de Idade, Abigail Santana e Marco Sousa, que partilharam connosco a sua opinião sobre a prova.
Abigail Santana, Campeã Nacional escalão 20-24, com 02:20:52: «Foi a primeira vez que estive em Sines, gostei muito da prova, foi muito gira. A água estava perfeita e contámos com o fantástico aplauso do muito público que estava a apoiar os participantes. O vento estava forte e impediu de ver as boias, mas consegui fazer um bom segmento com mais três nadadoras incríveis.» O segmento do ciclismo também contou com algum vento o que tornou o percurso mais difícil do que seria de esperar. «Saí sozinha na primeira volta, mas fui depois apanhada por duas triatletas o que me ajudou bastante a pedalar». Abigail conta que pratica atletismo desde os 12 anos, pelo que este segmento é a ‘sua praia’. «Foi só manter o ritmo na corrida, que para mim é muito fácil, já que estou muito à vontade neste segmento. E estou muito satisfeita com este resultado!», conclui a triatleta.
Marco Sousa, do Clube de Natação Torres Novas, foi Campeão Nacional de Triatlo Olímpico, no escalão 40-44, primeiro veterano absoluto, com 02:08:10. «Foi uma prova muito bem organizada; a natação foi excelente, com uma temperatura e transparência top, seguida de um percurso de ciclismo que fui inserido num grupo onde acabei por me divertir». Marco seguiu com o João Mestre sempre a criar espaço para que o Rui Narigueta não recuperasse para o grupo onde seguia. «No segmento da Corrida deu para gerir a vantagem, para chegar ao fim da posição que ambicionava. Ponderei muito a minha presença em Sines porque estamos a poucos dias do IRONMAN 70.3, mas foi uma aposta ganha! Agora é descansar até lá!»
Na opinião de Marco Sousa ‘para evitar que os age groups ficassem tanto tempo para a entrega dos prémios faria mais sentido a elite competir da parte da manhã e todas as outras provas serem realizadas até às 13h’. «Eu gosto de ficar para ver não me transtornou, mas penso que é de evitar.»
Outro espetacular resultado pertenceu a Carlos Brito, do Vitória de Janes, que terminou a prova em 02:11:17: «A prova correu bem, dentro do esperado, mas atendendo à condição física com que já estive, podia ter feito ainda melhor!» Carlos tem uma lesão no pé esquerdo que não lhe permite treinar mais do que 6km de corrida, já que o triatleta é ex-corredor e neste momento não corre de acordo com as suas capacidades. «Fiz uma excelente natação, o ciclismo também correu bem, dá-me muito gozo andar no pelotão dos escalões mais jovens!» Carlos Brito foi campeão nacional quatro vezes de triatlo e quatro vezes de duatlo e agora que está reformado é que consegue treinar como quer. O interregno durante alguns anos fizeram com que regressasse com mais força, muito treino e vontade de fazer o melhor possível em cada prova. «Antigamente não podia treinar porque trabalhava, agora dedico-me e treino como nunca, faço ginásio e participo nas provas para ganhar não só ao meu escalão, mas a todos os escalões», graceja.
Carlos Brito elogia a organização da prova, num sítio espetacular: «A temperatura da água estava razoável, o circuito de ciclismo estava com muitos pinos no chão o que poderia tornar-se perigoso se houvesse mais pessoas. Mas correu bem assim como o atletismo que foi pacífico». Sem próxima prova à vista, o triatleta é prova que a idade pode mesmo ser apenas um número e podemos continuar com a ter bons resultados com empenho e dedicação!
Este campeonato nacional foi organizado pela Federação de Triatlo de Portugal e contou com o apoio da Câmara Municipal de Sines.
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